quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Homeopatia na Medicina Veterinária I



Você sabia que a Homeopatia também é utilizada em animais, com respostas clínicas documentadas1,2? Neste post vamos falar sob cinomose canina, doença provocada por um paramixovírus chamado vírus da cinomose canina (CDV: Canine Distemper Virus)1,2,3.

A cinomose é uma infecção sistemica, se caracterizando por secreção nasocular serosa, pústulas em abdome, hiperceratose em focinhos e coxins, e, com a progressão da doença, atinge o sistema nervoso central (SNC). Neste momento o animal passa a apresentar mioclonias, paresias, paralisias e convulsões1,3. Há igualmente tropismo viral pelos tecidos oculares, o que pode acarretar úlceras corneanas e cegueira1. Exames hematológicos podem demonstrar linfopenia, trombocitopenia e monocitose (infecção crônica)1,3. O diagnóstico pode ser realizado pela demonstração da presença do vírus, por PCR, imunofluorescência direta, anticorpos séricos ou microscopia eletrônica 1,3.

A vacinação anual dos cães é a única forma de prevenção da doença1. O tratamento desta entidade nosológica é inespecífico, e inclui suporte hidroeletrolítico, antibióticos quando necessário para infecção bacteriana secundária e agentes neurotrópicos, visando estabilização da doença. O soro hiperimune contra CDV pode ser usado para neutralizar o vírus livre na corrente sanguínea, mas não impede o avanço em SNC, se já houver sintomas neurológicos; nos casos avançados, é indicada eutanásia1,3.

Foi o caso, por exemplo, do cão Zeus2, diagnosticado com cinomose e sintomatologia neurológica grave, relatado no blog Homeopatia Brasil. Recebendo tratamento homeopático, apresentou estabilização dos simtomas. Outro cão, relatado no estudo de Barreto DS1, apresentou quadro sistêmico caracterizado por febre, tosse, hiporexia e secreção nasocular mucopurulenta, quando iniciou terapia de suporte, porém progrediu com sinais neurológicos: mioclonia, incoordenação motora, apatia e tendência ao isolamento. Após avaliação homeopática, fez uso de Carbo animalis 6 CH, e florais de Bach. Com cinco dias do tratamento, já foi descrita melhora clínica, retorno de sociabilidade do animal e estabilidade motora.

Ainda, neste último caso, acompanhamento com hemogramas realizados nos dias zero, 30 e 60 dias após introdução do medicamento homeopático, evidenciaram anemia, linfopenia e trombocitopenias iniciais com melhora progressiva. Com um mês de tratamento, e visto a estabilidade clínica do animal, optou-se por parar o medicamento, entretanto houve recidiva das alterações comportamentais, sendo retornado o tratamento, de forma contínua, com nova estabilidade clínica1.

São pequenos relatos iniciais do uso da homeopatia em animais, mas mostrando que a Homeopatia pode ser usada, mesmo na veterinária, podendo ter resultados clínicos apreciáveis.

 

Referências:

1.       Barreto, DS. Abordagem homeopática de paciente canino infectado pelo vírus da cinomose: Relato de caso. Trabalho de conclusão de curso. Cuiabá, Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 2016.

2.       Homeopatia Brasil. A homeopatia veterinária e a melhora de Zeus. Abril 10,2020. Acesso em: Jan 18, 2021. Disponível em: https://homeopatiabrasil.com.br/a-homeopatia-veterinaria-e-a-melhora-de-zeus/

3.       Portela VAB, Lima TM, Maia RCC. Cinomose Canina: revisão de literatura. Medicina Veterinária (UFRPE),2017; Recife, v.11, n°3 (jul-set), p162-71.

2 comentários:

  1. Intrigante! Sempre ouvi dizer que a cinomose é devastadora e quando atinge SNC não tem cura... Mas com a homeopatia, pelo menos, há uma esperança.
    Algo semelhante aos casos de raiva humana, em que é descrito pela literatura médica como doença de 100% de letalidade... contudo, há 1 ou 2 casos no mundo em que se obteve cura... um deles aqui no Brasil. Você sabe se foi usado homeopatia nesses casos?

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    1. Não se pode dizer com certeza, é necessário pesquisar os casos. Contudo, de fato a homeopatia também foi usada, por exemplo nos casos de raiva em animais, conforme encontrado na rede: Dr. Plantureux, do Instituto Pasteur de Alger, em 1950, apresentou um estudo “Investigações sobre o Tratamento da Raiva e Outras Doenças mediante a Homeopatia”, onde, segundo consta, afirma ter tratado 35 casos de raiva, através do uso de um nosódio do vírus da Raiva e Lachesis 7CH, além de Belladonna e Guaco.

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