sábado, 19 de dezembro de 2020

Artigo Científico 2: Vitiligo

 


Vitiligo é uma condição autoimune adquirida caracterizada pela destruição dos melanócitos epidérmicos, o que acarreta perda de pigmentação na pele1. Sua prevalência global é estimada em torno de 1%, mas em determinados grupos populacionais pode chegar até 3%, com impacto sócio-psicológico, particularmente para pessoas com pele escura1. Acredita-se que múltiplos genes de resposta imunológica estão envolvidos na gênese da síndrome, que pode ser iniciada por estresse oxidativo e mediada por células T, além de citocinas como o fator de necrose tumoral alfa (TNFα), Interleucina 1 alfa (IL1α), proteína de choque 70 (Hsp70), dentre outras1. Em 2011, o vitiligo foi classificado em segmentar e não-segmentar, de acordo com as áreas afetadas2.

O tratamento objetiva qualidade de vida, cessação da progressão da doença e re-pigmentação cutânea, embora as opções atualmente sejam limitadas, sem estudos que corroborem clara efetividade no longo prazo1. Consistem em corticoesteróides tópicos ou sistêmicos, inibidores de calcineurina tópicos, fototerapia, técnicas de enxertia cirúrgica e despigmentação2.

            O caráter genético atualmente discutido para a síndrome em questão e muitas outras já era defendido, como existência e persistência de miasma hereditário, por Hahnemann3,4, como quando se refere ao estudo das doenças crônicas, em particular da Psora, no §81 do Organon: “O fato de que este agente infeccioso muito antigo tem passado gradativamente, por centenas de gerações...”3.

Trazemos para discussão, sempre apenas com o objetivo de exposição e divulgação científicas, o estudo de Mahesh S et al.1, apresentando uma série de 14 casos de vitiligo tratados com homeopatia, dos quais 13 eram mulheres, com mediana de idade de 29,8 anos, sendo três meninas escolares e seguimento clínico por 58 meses1. Os autores informam que, dos pacientes que iniciaram tratamento em estágios iniciais, as lesões se recuperaram, enquanto os demais apresentavam lenta recuperação com resposta em outros distúrbios de saúde1. Ainda, quanto maior o tempo entre a apresentação da doença e o início do tratamento, mais dificultada foi a resposta clínica1. Os autores mostram fotos, que podem ser apreciadas em seu artigo, as quais evidenciam a evolução clínica favorável dos casos.

O longo estresse psicológico pode estar envolvido no início e progressão da doença1, e esses fatores são levados em consideração na prescrição homeopática. Apesar do vitiligo ser uma doença primária autoimune da pele, os pacientes podem ter envolvimento de outros sistemas, conforme análise dos casos com prescrição homeopática individualizada1.

Os autores concluem que são necessários mais estudos na área, mas acreditam ser a medicação homeopática mais benéfica nos estágios iniciais da doença1.

                       

Referências:

1.      Mahesh S, Mallappa M, Tsintzas D, Vithoulkas G. Homeopathic Treatment of Vitiligo: A Report of Fourteen Cases. Am J Case Rep 2017;18: 1276-1283.   

2.      Bergqvist C, Ezzedine K. Vitiligo: A Review. Dermatology. 2020;236(6):571-592. 

3.      Hahnemann S. Organon da Arte de Curar. Tradução da 6ª Edição alemã. GEHSP Benoit Mure; 5ª Edição Brasileira, 2013.

4.      Hahnemann S. Doenças Crônicas: Sua Natureza Peculiar e Sua Cura Homeopática.  Tradução da 2ª Edição alemã. GEHSP Benoit Mure; 7ª Edição Brasileira, 2014.

2 comentários:

  1. Bruno, houve alguma caso de remissão total? E em quanto tempo, em média, após início do tratamento, houve melhora dos sintomas dermatológicos?

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  2. dos 14 casos descritos, em todos são apresentadas melhoras, sendo que em 8 já são descritas re-pigmentações, e em 3 casos melhora completa, com média de follow-up de 58 meses. Alguns obtiveram melhora completa em periodo de tempo menor (1 ano, 2 anos). Isto ocorreu de forma masi pronunciada nos que procuraram auxílio mais rapidamente, segundo a série.

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