Vitiligo
é uma condição autoimune adquirida caracterizada pela destruição dos
melanócitos epidérmicos, o que acarreta perda de pigmentação na pele1.
Sua prevalência global é estimada em torno de 1%, mas em determinados grupos
populacionais pode chegar até 3%, com impacto sócio-psicológico,
particularmente para pessoas com pele escura1. Acredita-se que
múltiplos genes de resposta imunológica estão envolvidos na gênese da síndrome,
que pode ser iniciada por estresse oxidativo e mediada por células T, além de
citocinas como o fator de necrose tumoral alfa (TNFα), Interleucina 1 alfa
(IL1α), proteína de choque 70 (Hsp70), dentre outras1. Em 2011, o
vitiligo foi classificado em segmentar e não-segmentar, de acordo com as áreas
afetadas2.
O
tratamento objetiva qualidade de vida, cessação da progressão da doença e
re-pigmentação cutânea, embora as opções atualmente sejam limitadas, sem
estudos que corroborem clara efetividade no longo prazo1. Consistem
em corticoesteróides tópicos ou sistêmicos, inibidores de calcineurina tópicos,
fototerapia, técnicas de enxertia cirúrgica e despigmentação2.
O caráter genético atualmente
discutido para a síndrome em questão e muitas outras já era defendido, como existência
e persistência de miasma hereditário, por Hahnemann3,4, como quando se
refere ao estudo das doenças crônicas, em particular da Psora, no §81 do Organon: “O fato de que este agente infeccioso muito antigo tem passado
gradativamente, por centenas de gerações...”3.
Trazemos
para discussão, sempre apenas com o objetivo de exposição e divulgação
científicas, o estudo de Mahesh S et al.1,
apresentando uma série de 14 casos de vitiligo tratados com homeopatia, dos
quais 13 eram mulheres, com mediana de idade de 29,8 anos, sendo três meninas
escolares e seguimento clínico por 58 meses1. Os autores informam
que, dos pacientes que iniciaram tratamento em estágios iniciais, as lesões se
recuperaram, enquanto os demais apresentavam lenta recuperação com resposta em
outros distúrbios de saúde1. Ainda, quanto maior o tempo entre a apresentação
da doença e o início do tratamento, mais dificultada foi a resposta clínica1.
Os autores mostram fotos, que podem ser apreciadas em seu artigo, as quais
evidenciam a evolução clínica favorável dos casos.
O
longo estresse psicológico pode estar envolvido no início e progressão da
doença1, e esses fatores são levados em consideração na prescrição
homeopática. Apesar do vitiligo ser uma doença primária autoimune da pele, os
pacientes podem ter envolvimento de outros sistemas, conforme análise dos casos
com prescrição homeopática individualizada1.
Os
autores concluem que são necessários mais estudos na área, mas acreditam ser a
medicação homeopática mais benéfica nos estágios iniciais da doença1.
Referências:
1.
Mahesh S, Mallappa
M, Tsintzas D, Vithoulkas G. Homeopathic Treatment of Vitiligo: A Report of
Fourteen Cases. Am J Case Rep 2017;18: 1276-1283.
2.
Bergqvist C, Ezzedine K. Vitiligo: A Review.
Dermatology. 2020;236(6):571-592.
3.
Hahnemann S.
Organon da Arte de Curar. Tradução da 6ª Edição alemã. GEHSP Benoit Mure; 5ª
Edição Brasileira, 2013.
4.
Hahnemann S.
Doenças Crônicas: Sua Natureza Peculiar e Sua Cura Homeopática. Tradução da 2ª Edição alemã. GEHSP Benoit
Mure; 7ª Edição Brasileira, 2014.
Bruno, houve alguma caso de remissão total? E em quanto tempo, em média, após início do tratamento, houve melhora dos sintomas dermatológicos?
ResponderExcluirdos 14 casos descritos, em todos são apresentadas melhoras, sendo que em 8 já são descritas re-pigmentações, e em 3 casos melhora completa, com média de follow-up de 58 meses. Alguns obtiveram melhora completa em periodo de tempo menor (1 ano, 2 anos). Isto ocorreu de forma masi pronunciada nos que procuraram auxílio mais rapidamente, segundo a série.
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