sábado, 5 de dezembro de 2020

"Homeopatia encara os Horrores da Alopatia"


            A tela reproduzida sob o cabeçalho do blog recebe, hoje, o título de "Homeopathy looks at the Horrors of Allopathy", e tem autoria de Alexander Egorovich Beideman, artista, professor e acadêmico russo1. Dizemos hoje, porque no século 19 recebia o título de "Triunfo da Homeopatia"2

Isto vem a título de curiosidade, com parte do conteúdo encontrado facilmente na Internet, em particular na Wikipedia, apenas como pano de fundo para o desenvolver de nosso desnudo sob a pintura; mas a tela em questão encontra-se na galeria de Artes russa em Moscou, Tretyakov, e foi concebida na cidade de Munique em 1857, solicitada à pedido do pai de Nicholas Gabrielovich, homeopata russo. Foi adquirida por Tretyakov antes de 1893. Em novembro de 2015, houve uma exposição organizada da pintura em conjunto com a conferência "Arte na homeopatia e homeopatia na arte"2.

Do ponto de vista acadêmico, a pintura é uma crítica ferrenha à medicina convencional da época, que frequentemente usava de métodos ditos derivativos, como vomitivos, exutórios, sudoríficos, purgativos, vesicatórios, etc, visando expulsar do corpo aquilo que seria matéria morbífica; de outras vezes usava métodos antagonistas estimulantes, como nauseantes, jejuns prolongados, emissões sanguíneas, meios que excitem dor e inflamação, como cautérios, ferro em brasa, vesicatórios, etc3. O método de Broussais3,4 (médico ateu e dogmático)chamado de medicina fisiológica na época, tinha como base inflamações que adviriam de qualquer estimulação, principalmente do trato digestivo, e prescrevia como tratamento poderosos anti-flogísticos, sangramentos (sanguessugas, modos de sangria, etc) e regimes debilitantes4. Conforme descreve Hahnemann no §60 do Organon: "Assim milhares de médicos foram miseravelmente induzidos... a fazer jorrar do coração frio o sangue quente de seus doentes"3.

Na tela, ao canto superior direito, está representada a ala "positiva": a Homeopatia voa nas nuvens, à sua frente, em manto vermelho, Esculápio, tendo a cobra na mão direita e a mão esquerda erguida em indignação; atrás do deus da Medicina, Atena, deusa protetora das ciências, e ao canto direito, Samuel Hahnemann. Todos olham com desaprovação para o lado "negativo" da pintura: um doente agonizante e médicos lhe decepando a perna, enquanto esposa e filhos do doente soluçam. À porta do aposento, a Morte espreita1.

Eis um pequeno esboço sob como a ciência pode ser representada na Arte.

Referências:

1.      Wikipedia contributors. "Homeopathy Looks at the Horrors of Allopathy." Wikipedia, The Free Encyclopedia. Wikipedia, The Free Encyclopedia, 1 Jul. 2020. Web. 5 Dec. 2020.

2.      Wikipedia contributors. " Beideman, Alexander Egorovich." Wikipedia, The Free Encyclopedia. Wikipedia, The Free Encyclopedia, 16 Apr. 2019. Web. 5 Dec. 2020.

3.      Hahnemann S. Organon da Arte de Curar. Tradução da 6ª Edição alemã. GEHSP Benoit Mure; 5ª Edição Brasileira, 2013.

4.      Broussais, FJV. (1772-1838) System of Physiological Medicine. JAMA. 1969;209(10):1523.


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