quarta-feira, 28 de abril de 2021

Homeopatia em Diarréia Infantil


A Homeopatia é amplamente usada em afecções digestivas. A diarréia infantil aguda também é uma delas. Meta-análise de três estudos controlados e randomizados sobre homeopatia em diarréia aguda de crianças evidenciou resultados favorecendo seu uso além da reidratação oral. Aqui discutimos um resumo breve, recomendando a aquisição e leitura do artigo.
A Diarréia Aguda na infância (ou gastro-enterocolite aguda) é uma das causas de óbito infantil nos países em desenvolvimento, sendo ambos os quadros agudo e crônico fatores contribuintes para a desnutrição infantil. Nos países desenvolvidos, ainda é um quadro de morbidade e dispendioso no sistema de saúde. O tratamento recomendado consiste na terapia de reidratação oral (TRO, ou soroterapia), a qual reduz a desidratação e o risco de morte, mas não reduz a duração da síndrome. 
A meta-análise em questão avaliou três estudos randomizados e controlados, realizados em Nicaragua em 1990 e 1991, e o terceiro em Jorpati no Nepal. Um total de 247 crianças foram analisadas, com idades entre 6 meses a 5 anos e diarréia (foi considerado ao menos 3 evacuações não-formadas) por até 7 dias (5 dias no Nepal). Foram excluídas do estudo crianças que receberam medicamento antidiarreico até 48 horas antes do homeopático, bem como aquelas que necessitaram de hospitalização. A prescrição do medicamento homeopático foi feita por médicos locais em cada área, sendo o investigador principal o mesmo para os diferentes estudos. 
Os pacientes foram randomizados em dois grupos, tratamento e controle. As medicações foram dispensadas na potência 30CH, ou placebo, sendo usadas por até 5 dias (no estudo de 1990, foram usadas por 3 dias). Todo o pessoal do estudo permaneceu cego para a medicação sendo usada. Todo paciente também recebeu TRO, e foram ministradas visitas domiciliares diárias para reavaliação durante 5 dias, por profissionais de saúde locais. O desfecho primário avaliado foi a duração da diarréia, definida como o número de dias até haver menos de 3 evacuações não-formadas. Também foi avaliado o número médio de evacuações ao dia. 
As análises estatísticas foram rigorosas, utilizando-se o teste t para comparação de características descritivas, curva de Kaplan-Meier para duração ou probabilidade de diarréia vs. Tempo, bem como o teste regressivo de Cox quando das diferenças em randomização (idade, peso e outras variantes); ainda, a consistência dos efeitos e o impacto do tamanho de amostras foi considerada em meta-análise, postas em gráfico com intervalos de confiança de 95%.
Quando visto em conjunto, dos 247 pacientes totais somados, 230 fizeram o acompanhamento completo por 5 dias, com resultados para estes últimos mostrando uma redução de 18,5% na duração da diarréia para o grupo tratamento (3,8 dias no grupo placebo vs. 3,1 dias no grupo Homeopatia, valor P =0,008). O número de evacuações por dia dentro dos 5 dias foi de 2,7 dias para o grupo tratamento, contra 3,4 dias para o grupo placebo (P=0,004). O gráfico analítico evidenciou diferenças similares na duração do período diarreico comparado inter-grupos (tratamento vs. Controle) entre os três estudos (0.61, 0.78 e 0.68 dias respectivamente para cada estudo). A meta-análise encontra ainda um efeito similar na duração (0.66 dias), com intervalo de confiança de 0,16 a 1,15 (P=0,008).
Vistos os resultados, os autores discutem os achados, sugerindo que o resultado não é oriundo de um fator estatístico ou viés sistemático. Cabe notar que os resultados dos estudos em sua análise individual prévia, não mostraram significância estatística, ou esta foi marginal (borderline); contudo, o número de indivíduos (n) não era significativo para cada um, o que vem a mostrar o poder do tamanho amostral, quando vistos em conjunto por meta-análise. A uniformidade dos efeitos encontrados entre os estudos, que envolveram locais e profissionais diferentes no mundo, sugere que há um efeito real e consistente para o uso da Homeopatia nesta condição. Os autores ainda lembram da dificuldade de realização de estudos de terapias alternativas, na Homeopatia devido a individualização do medicamento, bem como limitados fundos e aquisição de amostragem de tamanho ótimo.
Os autores concluem que a Homeopatia deve ser considerada de forma abrangente, em combinação com a TRO, para a diarréia aguda infantil.

Referência:
JACOBS, JENNIFER MD, MPH; JONAS, WAYNE B. MD; JIMÉNEZ-PÉREZ, MARGARITA MD, PhD; CROTHERS, DEAN MD Homeopathy for childhood diarrhea: combined results and metaanalysis from three randomized, controlled clinical trials, The Pediatric Infectious Disease Journal: March 2003 - Volume 22 - Issue 3 - p 229-234 doi: 10.1097/01.inf.0000055096.25724.48



sábado, 3 de abril de 2021

Homeopatia em Amigdalite




A amigdalite constitui uma inflamação infecciosa aguda das tonsilas palatinas, sendo alvo constante de antibioticoterapia, por vezes recorrente, além de procedimentos cirúrgicos (amigdalectomia) visando a redução dos ataques. As amigdalites recorrentes são queixas encontradas com frequencia na pediatria, havendo uma época (primeira metade do século passado) em que a cirurgia era indicada para quase todas as crianças. No entanto, em meados da década de 60, estudos mostraram a ineficácia da conduta em muitos casos. 
A Homeopatia também é utilizada no tratamento e controle das amigdalites de repetição em pediatria. Fazemos aqui um breve resumo de estudo duplo-cego, realizado na UNIFESP e Hospital São Paulo, com 40 indivíduos de 3 a 7 anos, apresentando o diagnóstico em questão, sendo randomizados para um grupo em uso de placebo e outro com uso de medicação (metade dos pacientes para cada grupo). Dessa amostragem total, houveram 7 desistências, sendo 5 do grupo placebo. Os pacientes foram submetidos a tratamento e acompanhamento para efeitos do estudo, por 4 meses. O pesquisador e o paciente não sabiam se o medicamento ministrado era placebo ou homeopático.
A análise estatística mostrou, no grupo Medicação (n=18): 14 pacientes não apresentaram amigdalite e 4 apresentaram (respectivamente 78% e 22%, valor p=0,015); e no grupo Placebo (n=15): 10 pacientes apresentaram amigdalite e 5 não apresentaram (respectivamente, 67% e 33%, valor p=0,015). A análise favoreceu significativamente o grupo Medicação, tendo os autores concluído pela eficácia da Homeopatia, a qual removeu 14 crianças da indicação de cirurgia.
A homeopatia pode ser usada como alternativa nas amigdalites recorrentes, reduzindo tempo de antibioticoterapia e procedimentos cirúrgicos. Ainda, os autores lembram que não houve efeitos adversos com o tratamento homeopático.

Referência:
Furuta SE, Wecks LM, Figueiredo CR. Tratamento Homeopático da Amigdalite Recorrente em Crianças: um Estudo Randomizado Controlado. Revista de Homeopatia: São Paulo, 2007;70:21-26. Republicação: Rev. Homeopatia, São Paulo; 80(1/2): 164-173, 2017. 

Dengue

  Conhecida também como Febre Quebra-Ossos, o Dengue é parte de um grupo de doenças chamadas arboviroses, causadas por vírus transmitidos po...